TOLERÂNCIA

Muito ouço falar em minha profissão sobre conviver com as diferenças, respeitar cada um, pois cada ser é singular, único. Exercitar o respeito é algo que tenho feito nos últimos dias dentro de uma UTI hospitalar.

Meu filho, de 13 anos, está internado, já há alguns dias, com crises convulsivas de difícil controle. Além do desespero natural de mãe, some-se o cansaço físico e emocional que vai minando nossas energias positivas e nos deixando à mercê de pensamentos ruins. Pois bem, a cada novo plantão, a nossa faculdade de exercício da tolerância é colocada em teste. Cada auxiliar de enfermagem que chega vem com um humor diferente. Por aqui já passou gente de extrema competência para o exercício da profissão, outros nem tanto, uns que entram alegres e fazem nossa alma ficar mais leve e as horas passarem mais depressa, coisa impossível por aqui,  outros com o peso dos anos incidindo em suas costas e sobre seu humor e paciência (o que muitas vezes atrapalha a competência) e outros ainda com suas manias. Por ora é com uma pessoa assim que tenho que conviver até às 7 da manhã e sobre ela cai a minha reflexão.

Ela com sua compulsividade por organização. Nada pode ficar fora do lugar. Os lençóis precisam estar imaculadamente limpos (isso é ótimo) e sem nenhuma dobra (ainda bem que meu filho não se mexe quase nada em virtude da sedação, caso contrário não dormiria...).  Agora a pouco, para ser mais exata às 4 horas da manhã, horário de pegar os sinais (verificar saturação de oxigênio, pulsação sanguínea, temperatura, coisas assim) ela encafifou em trocar a fralda, pois gosta que fiquem sequinhos. E lá foi ela como um autômato cumprindo com seu ritual. Isso me irritou um pouco, pois eu lhe afirmara que não havia necessidade que já tinha olhado e que estava tudo bem. Resultado, uma fralda danificada sem necessidade.

Este acontecimento me fez refletir sobre a tolerância, o conviver com as diferenças e na dificuldade que temos em aceitar o modo de ser de cada um.